Capítulo 25 - Acidente de trabalho

A segunda-feira chegou, e a manhã de Valentina foi bem agitada na gravadora, tanto que ela nem viu o tempo passar. Quando viu que já era meio dia, ficou animada, pois havia combinado de almoçar com Guilherme, o que seria bom para se distrair um pouco do trabalho. Quando chegou no restaurante, ele já estava à sua espera.

- Oi amor, me atrasei? - perguntou ela, assim que chegou à mesa

- Não, eu é que cheguei cedo - respondeu ele, logo antes de cumprimentar a noiva com um beijo. Em seguida os dois se sentaram.

- E então, o que você fez de manhã?

- Nada demais, fiquei em casa ensaiando e trabalhando em umas músicas.

- Então você voltou a compor mesmo? Isso é ótimo!

- É, vai ser bom para ampliar o repertório da banda.

- Gui, você não pensa em ir além?

- Como assim?

- Seu talento é muito grande para ser desperdiçado em um bar onde poucas pessoas podem ouvir.

- Você não gosta que eu toque no bar? Tem vergonha, é isso Val?

- Não, claro que não! Amor, eu trabalho em uma gravadora, sei reconhecer quando um artista tem potencial. Você tem, e muito!

- Onde você quer chegar com isso?

- Eu queria que você fizesse uma audição na gravadora do meu tio. Se ele gostar, pode contratar você, e eu vou poder ser sua agente!

- Meu amor, eu sei que as suas intenções são as melhores, mas não sei se é uma boa ideia...

- Você tem medo do meu tio não gostar da sua música?

- Não é isso... O que as pessoas vão achar se eu disser que trabalho na gravadora do tio da minha noiva? Vai parecer que fui contratado por causa do nosso noivado e não pelo meu talento.

- Para de bobagem, ninguém vai achar isso! Todo mundo vai ver que você é ótimo, tenho certeza que vai fazer muito sucesso! Olha só, eu não vou te pressionar, mas promete que vai pelo menos pensar no assunto?

- Claro, vou pensar.

Depois disso, os dois terminaram de almoçar e se despediram, pois Valentina tinha que voltar ao trabalho. 

À noite, Guilherme foi até a casa da noiva, pois queria ver a filha. Depois dos três passarem um tempo juntos, Amanda teve que ir para o quarto fazer o dever de casa, deixando os pais a sós. 

- Amor, eu queria conversar com você sobre uma coisa - falou Guilherme, logo que a menina saiu

- Pode falar, estamos só nós dois aqui. Algum problema? - quis saber Valentina

- Não nenhum. É que enquanto estávamos aqui com a Amanda, eu percebi que perdi muita coisa da vida de vocês. Sua gravidez, o nascimento dela, os primeiros passos, as primeiras palavras...

- Você não tem que se sentir culpado por causa disso, meu amor. A culpa foi da Joana.

- Eu sei, por causa dela eu só pude conhecer a Amanda agora, com 12 anos.

- Fica tranquilo, nesse pouco tempo que está se relacionando com ela, você está sendo um ótimo pai.

- Obrigado. Mas eu queria ter sido pai dela desde o começo, entende? Mas como não dá para voltar no tempo... Eu... quero ter outro filho com você, Val.

Ao ouvir isso, Valentina não conseguiu dizer nada, só conseguiu ficar parada olhando para Guilherme, sem reação.

- Te assustei com a proposta? Você não quer outro filho? - perguntou ele

- Não! - disse ela, finalmente - Só... me pegou de surpresa. Claro que eu quero ter outro filho com você! Mas tem uma condição.

- Condição?

- Calma, não é nada demais. Eu só acho que devemos esperar o casamento, tudo bem para você?

- Lógico, também acho melhor esperar. Vamos ser uma família muito feliz, eu, você, a Amanda, e nosso próximo filho.

Dizendo isso, Guilherme puxou Valentina para mais perto e eles se beijaram apaixonadamente. Depois ficaram namorando no sofá, não podiam estar mais felizes.

O resto da semana passou bem rápido e logo já era sexta-feira à noite. Guilherme estava ajeitando as coisas da banda antes dos clientes chegarem, quando foi interrompido por seu amigo, o dono do bar.

- Guilherme, posso falar com você um instante?

- Claro Marcos, só estou organizando os instrumentos aqui.

- Como você sabe, uma das garçonetes pediu demissão.

- Sim, estamos com um desfalque, não é?

- Não mais, quero te apresentar nossa nova funcionária, Danielle.

Ao ouvir esse nome, Guilherme ficou tenso. "Não pode ser a minha vizinha, tem que ser outra Danielle, é um nome comum" pensou ele. Mas quando se virou para cumprimentar a nova garçonete, era ela, a mesma Danielle que havia se mudado para seu prédio, e que deu em cima dele descaradamente.
- Guilherme, você trabalha aqui? Que surpresa! - disse ela
- Oi Danielle. Pois é, eu toco aqui nos finais de semana - respondeu ele, não muito animado
- Vocês se conhecem? - perguntou Marcos
- A Danielle é minha vizinha, acabou de se mudar para o meu prédio - falou Guilherme
- Pois é. E parece que agora, além de vizinhos, somos colegas de trabalho - disse Danielle
- Bem, se me dão licença, preciso ensaiar agora.
O resto da banda chegou e subiu no palco, para um último ensaio antes do bar abrir. Aquela não foi a melhor noite deles, pois Guilherme não estava conseguindo se concentrar, ficou o tempo todo incomodado com jeito como Danielle olhava para ele enquanto servia as mesas.
Depois de algum tempo tocando, chegou a hora do intervalo da banda e Guilherme foi até a sala dos funcionários tomar água, pois estava com a garganta seca. Valentina tinha dito que iria vê-lo tocar naquela noite, mas ainda não havia chegado, então ele decidiu ligar para ela. Estava pegando seu celular, quando Danielle entrou na sala.
- Você é muito talentoso, sabia? - disse ela, se aproximando
- Obrigado - respondeu ele
- Eu sempre tive uma quedinha por músicos...
- Danielle, para com isso. Você não percebeu ainda que não tem a menor chance comigo?
- Caramba você é certinho mesmo. Esquece a sua noiva só um pouco... - falou Danielle, chegando ainda mais perto
- Você não faz meu tipo, mesmo que eu estivesse solteiro não ia querer nada com você! Eu estava evitando ser grosseiro, mas você não me deu escolha. Me deixa em paz!
Nesse momento, Guilherme deu um passo para trás para se afastar de Danielle, tropeçou na caixa de sua guitarra, que estava no chão, e caiu em cima de sua mão. Na mesma hora sentiu uma dor intensa no pulso e não conseguiu mais mexê-lo. Enquanto ele tentava se levantar, Valentina apareceu.
- Gui, porque você está no chão? E o que ela está fazendo aqui? - perguntou ela, encarando Danielle
- Ela é a nova garçonete daqui... Val, me ajuda, meu pulso está doendo muito - pediu ele
- Caramba, está ficando inchado! Vem, vou te levar para o hospital, depois você me conta o que aconteceu.
E agora, será que Guilherme não vai mais conseguir tocar, por causa da lesão? E Danielle, será que vai deixá-lo em paz?

CONTINUA...