quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Capítulo 18 - Reencontro

Valentina ficou paralisada por alguns instantes. Guilherme era última pessoa que ela esperava ver entrando por aquela porta.
- Amanda, vai para o quarto. Depois nós duas vamos ter uma conversinha. - disse ela, sem conseguir tirar os olhos do ex-namorado. Ele continuava muito bonito.
- Mas mãe...
- Agora, Amanda!
A menina subiu as escadas chateada. Valentina não sabia o que fazer, queria dar uns tapas em Guilherme e expulsá-lo de sua casa naquele momento, mas ao mesmo tempo tinha muitas perguntas a fazer para ele.
- Como você achou a minha filha e o que veio fazer aqui? - perguntou ela, sendo rude
- A gente se reencontra depois de todo esse tempo, e é assim que você fala comigo?
- Você não respondeu a minha pergunta.
- Na verdade foi a sua filha que me encontrou. E eu vim até aqui porque ela apareceu no meu apartamento dizendo que eu sou o pai dela. Isso é verdade?
- Não sei de onde ela tirou isso, essa menina tem uma imaginação muito fértil... Claro que não é verdade - mentiu ela
- Diz a verdade, Valentina. A menina me procurou, com uma foto minha e disse que foi você quem deu para ela.
- Tudo bem, ela é sua filha, satisfeito? Mas por que você só começou a se importar com isso agora? Depois desse tempo todo?
- Porque eu não sabia, Valentina! Você escondeu nossa filha de mim!
- O que? Logo que eu descobri que estava grávida te mandei um e-mail contando e você ignorou! Desprezou sua filha e também a mim!
- Eu nunca recebi e-mail nenhum! Para de mentir, você está querendo se fazer de vítima!
- Se tem alguém mentindo aqui é você, pai desnaturado! Me abandonou grávida e doze anos depois aparece aqui querendo tirar satisfações. Quer saber, cansei disso, some daqui Guilherme!
- Eu vou, porque não quero continuar com essa briga que não leva a lugar nenhum. Mas saiba que você não vai se livrar de mim, eu tenho direito de conviver com a minha filha!
Dizendo isso Guilherme saiu, pisando duro, e bateu a porta. Valentina sentou-se no sofá, muito abalada, e olhou para Victor, que havia presenciado toda aquela discussão.
- Victor, desculpa, eu não queria que você tivesse visto isso. Ver o Guilherme de novo, depois de tantos anos, me deixou fora de mim.
- Tudo bem, Val. Estou vendo que você precisa ficar sozinha, outra hora a gente conversa sobre aquilo que eu te falei.
- Obrigada pela compreensão. Por isso você é um dos meus melhores amigos - disse ela, abraçando Victor.
Então ele foi embora e Valentina ficou ali na sala, por alguns minutos, absorvendo tudo o que tinha acontecido. Guilherme havia reaparecido em sua vida e agora, depois de doze anos, resolveu que queria conhecer a filha. Por mais que ele não tivesse tido consideração com ela durante todo esse tempo, agora que a menina o conhecera, ela não poderia mantê-los afastados. Ela resolveu então, que deixaria que a filha se aproximasse de Guilherme. Não por ele, mas por Amanda, que tinha o direito de conviver com o pai.
Depois de pensar, ela resolveu ligar para Bárbara, pois precisava desabafar. A amiga aconselhou que ela procurasse Guilherme para combinar como seriam os encontros dele com a filha e também sugeriu que ela o convidasse para a festa de aniversário da filha. Valentina acabou concordando, mas antes de ir falar com ele, precisava ter uma conversa com Amanda, então foi até seu quarto.
- Então Amanda, a senhorita vai ter que me explicar direitinho como encontrou seu pai.
- Foi fácil, ele ainda mora no prédio vizinho ao que a gente morava quando eu era pequena. Eu achei uma conta com nosso endereço antigo na sua gaveta, resolvi tentar a sorte e achei ele.
- Meu Deus, mas você é impossível filha. De agora em diante vou proibir o motorista de te levar a qualquer lugar sem que eu esteja junto.
- Achei que você ia gostar de ver meu pai de novo. Por que vocês se separaram?
- Você ainda é muito nova para entender isso. Vai fazer sua lição de casa e depois, cama, viu mocinha? Amanhã é seu aniversário, mas você tem aula.
No dia seguinte, Valentina deixou Amanda na escola e foi até o prédio de Guilherme. Mesmo contrariada, precisava conversar com ele, que, por sorte, estava em casa.
- Valentina, que surpresa. O que você está fazendo aqui?
- Eu vim conversar sobre a nossa filha. Agora que a Amanda te conhece eu seria uma megera se mantivesse ela afastada de você. 
- Está querendo dizer que vai deixar que eu conviva com ela? - disse ele, sorrindo
- Isso mesmo, mas de acordo com as minhas regras - falou, tentando disfarçar que aquele sorriso ainda mexia com ela
Guilherme ficou tão feliz com a notícia que, no calor do momento, agiu por impulso e beijou Valentina. Por um instante ela se sentiu como há doze anos, quando eles eram adolescentes apaixonados um pelo outro, e correspondeu ao beijo, colocando as mãos na nuca dele. Nesse momento, o interfone tocou e Valentina voltou a si.
- Você ficou maluco? Me larga! - falou, empurrando Guilherme
- Desculpa, não sei o que deu em mim - disse ele, constrangido - Deixa eu atender o interfone, deve ser minha namorada.
Valentina sentiu um choque quando ouviu essa palavra. Então ele tinha uma namorada? Isso a deixou com ainda mais raiva de Guilherme, pois além de não ter procurado a filha por anos, arrumou outra, como se tudo que eles viveram juntos não tivesse significado nada. Ela sentiu ciúmes de Guilherme, apesar de não admitir nem para si mesma. Isso porque ela ainda nem sabia quem era a tal namorada...

CONTINUA...

sábado, 26 de setembro de 2015

Capítulo 17 - O Presente

Passaram-se 12 anos desde a confusão, e Valentina não teve mais notícias de Guilherme. Ela havia se tornado a bem sucedida vice-presidente da gravadora de seu tio, juntamente com Victor, e morava em uma casa grande, com muitos quartos e empregados. 
Era uma manhã de quinta-feira, véspera do aniversário de Amanda, e Valentina foi até o quarto da filha, acordá-la para a escola, e aproveitou para perguntar o que ela gostaria de ganhar de presente.
- Meu pai  - disse ela
Amanda havia se tornado uma garota alegre, cheia de vida e também muito esperta e curiosa. A mãe se surpreendeu com a resposta inusitada:
- Como é Amanda, seu pai? - perguntou, confusa
- Mãe, eu já vou fazer doze anos e não sei nada sobre ele. Me diz o nome dele, como ele é, me mostra uma foto... Por favor!
- Filha, esquece isso vai. Pensa em um presente que eu realmente possa te dar e na hora do almoço você me conta, combinado? Agora levanta, se não você vai chegar atrasada na escola, mocinha.
As duas se arrumaram, Valentina deixou Amanda na escola, e foi trabalhar. Não conseguia parar de pensar na curiosidade da menina sobre o pai, ela sabia que a filha não desistiria fácil de descobrir algo sobre ele. Então, no meio da manhã, foi se encontrar com Bárbara para tomar um café e pedir conselhos:
- Então ela perguntou sobre o pai... Bem, você sabia que algum dia isso iria acontecer não é? Não pode esconder isso dela para sempre. - disse Bárbara, depois de ouvir a amiga
- Babi, o Guilherme não quis saber da filha quando eu estava grávida e durante todos esses anos, nunca procurou saber notícias dela. 
- Mas a Amanda tem o direito de saber quem é o pai, Val. E ela vai continuar insistindo, você sabe.
- Eu sei, eu sei... O que eu faço? Não quero que ela o conheça e mesmo que quisesse, depois desse tempo todo, nem imagino onde ele esteja.
- Então amiga, dá uma foto do Guilherme pra ela e diz o nome e alguma informação, mas sem relevar muita coisa, pronto. Qual a chance de uma menina da idade dela conseguir encontrar o pai, que pode estar morando em qualquer lugar do país, ou até fora dele?
- Tem razão... É isso mesmo que eu fazer, muito obrigada amiga, você sempre me dá ótimos conselhos.
- Eu conheço você há muito tempo, Val! E melhores amigas são para isso né?
As duas se abraçaram e despediram, pois Valentina precisava voltar para o trabalho. Logo que ela chegou em sua sala, Victor apareceu, dizendo que precisava falar com ela.
- O que foi, Victor? Problema com algum cliente da gravadora?
- Não, com a gravadora está tudo bem. Quero conversar com você sobre um assunto pessoal, mas não aqui, quer almoçar comigo?
- Se fosse qualquer outro dia, eu aceitaria, mas hoje eu não posso... Amanhã é aniversário da Amanda, como você sabe, e eu vou almoçar com ela, para ela me dizer o que quer ganhar de presente. Você entende, não é?
- Claro que sim, conheço você há tantos anos. Outra hora a gente conversa então, deixa eu voltar para a minha sala, afinal precisamos trabalhar.
- Tem razão. Mas aparece lá em casa hoje à noite, assim a gente faz um lanche e conversa, pode ser?
- Combinado, até mais tarde então.
Valentina continuou trabalhando e nem viu o tempo passar, quando olhou para o relógio, já estava na hora do almoço. Então ela foi em casa, pegou uma foto de Guilherme que tinha guardada e foi pegar Amanda na escola. Enquanto almoçavam, entregou a foto à menina.
- Filha, eu pensei no que você me pediu e resolvi te dar isso. É uma foto do seu pai, o nome dele é Guilherme Soares. Só posso te dizer isso e que ele era meu vizinho quando namoramos. Não o vejo há muitos anos e não sei mais nada sobre ele.
- Obrigada mãe, esse foi o melhor presente que você podia me dar! - disse Amanda, com um grande sorriso
Então as duas se abraçaram, terminaram o almoço e Valentina levou a filha em casa, antes de voltar ao trabalho. Amanda foi para o quarto e ficou olhando para aquela foto, se perguntando onde estaria seu pai, pois tinha muita vontade de conhecê-lo e saber porque ele e sua mãe haviam se separado. Percebeu que ao fundo na foto, havia um prédio e o número estava legível. Seria o prédio onde ele morava? Sua mãe havia dito que eles foram vizinhos, e ela se lembrava de ter morado em um apartamento com ela e os avós, mas como tinha apenas dois anos quando se mudaram, não lembrava o endereço. "Se eu encontrar nosso endereço antigo, encontro o do meu pai. Quem sabe ele ainda mora lá..." pensou ela. 
Amanda foi até o quarto de sua mãe e, depois de muito procurar, encontrou em suas coisas uma conta de telefone com o endereço antigo, etão pediu que o motorista a levasse até lá. Quando chegou ao local, confirmou que o edifício que aparecia na foto era o que ficava ao lado do prédio onde morou, e foi falar com o porteiro, um senhor idoso.
- Senhor, você pode me dar uma informação, por favor? - perguntou ela - o Guilherme Soares ainda mora aqui?
- Mora sim, conheço ele há muito tempo...
- Ele está em casa? Será que eu posso subir? Preciso muito falar com ele.
- O que você é do Guilherme, garotinha?
- Eu sou a filha dele, me deixa entrar, por favor?
- Filha? Nesse caso pode subir, ele chegou há alguns minutos.
- Obrigada.
Amanda subiu e chegou à porta do apartamento. Estava muito nervosa, mas tocou a campainha, não demorou muito e Guilherme atendeu.
- Oi, quem é você? - disse ele, surpreso ao ver a menina em sua porta
- Amanda, sua filha - falou ela
- Como? Acho que você está me confundindo com outra pessoa.
- É você nessa foto, não é? 
- Sou eu sim, como você conseguiu isso?
- A minha mãe me deu. O nome dela é Valentina.
- Meu Deus! Você é filha da Valentina?
- Sou. E sua filha também. Se não acredita, vem comigo até minha casa, aí você conversa com ela.
Guilherme estava perplexo, se aquela garotinha era mesmo sua filha, por que Valentina não disse nada? Por que escondeu dele esse tempo todo? Querendo saber a resposta para essas perguntas, ele aceitou ir com Amanda.
Enquanto isso, Valentina estava chegando em casa, na companhia de Victor. Se preocupou ao não encontrar Amanda em casa, mas a empregada avisou que a menina havia saído com o motorista e ele ligou avisando que já estavam voltando. Os dois sentaram-se no sofá e começaram a conversar:
- E então, Victor, o que você queria falar comigo? - perguntou, curiosa
- Valentina, nós trabalhamos juntos há muito tempo e eu acho você uma mulher incrível, cria sua filha sozinha e é uma ótima vice-presidente... Eu gosto muito de ser seu amigo, a gente se dá muito bem mas...
- Mas o que? Você está me deixando nervosa!
- Eu estou tentando dizer que quero ser mais que um amigo. Eu estou apaixonado por você, Val.
- Victor, eu não sei o que dizer. Você é meu melhor amigo, eu te adoro, mas...
Nesse momento, Amanda chegou e interrompeu a conversa dos dois:
- Oi mãe, oi Victor. Eu trouxe um amigo, ele pode entrar?
- Claro filha, é amigo da escola?
- Na verdade, não... - disse ela, com um sorriso suspeito
Nesse momento a porta se abriu e Valentina não pode acreditar. Ela sentiu um misto de choque, raiva e nervoso. O amigo de Amanda não era um menino, era um homem, e não qualquer um. Era ninguém menos que...
- Guilherme?!?

CONTINUA...

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Capítulo 16 - Mal entendido

Valentina não podia acreditar no que estava ouvindo. Não entendia como era possível aquilo ter acontecido.
- Grávida? Tem certeza disso? - perguntou, incrédula
- Você está com todos os sinais. Vou te pedir um exame de sangue apenas para confirmar.
- Não pode ser, eu e meu namorado sempre nos cuidamos. A não ser... - nesse momento Valentina se lembrou que no dia do réveillon, quando ela e Guilherme estavam se despedindo antes dele viajar, no calor do momento, acabaram não se protegendo.
A garota pegou o pedido de exame e saiu do consultório sem saber o que fazer. Ela se perguntava se seus pais iriam aceitar a gravidez, e qual seria a reação de Guilherme, já que ele andava sumido. A primeira coisa a fazer seria contar a notícia para a família. Para a sorte de Valentina, sua mãe e seu pai, apesar de se preocuparem com o futuro da filha dali para frente, deram total apoio a ela. Só restava contar a Guilherme.
- Queria poder ligar para o Gui e contar... - disse ela a Bárbara, que passou o dia ao lado da amiga - Ele não tem respondido meus e-mails, como você sabe...
- E por que não liga?
- Não dá, fica muito caro... E a escola é muito rígida, não permite celulares nem redes sociais. Só por e-mail mesmo. Vou escrever para ele agora, esse assunto é muito sério, ele tem que me responder.
- E se ele não responder? Não quero ser pessimista Val, mas pode acontecer, levando em conta esse sumiço dele...
- Esse desaparecimento me faz pensar que ele conheceu gente nova em Nova Iorque e esqueceu da gente. Se ele não responder meu e-mail sobre a gravidez, eu nem sei...
Ela então mandou o e-mail para Guilherme, torcendo para que ele visse. Uma semana depois, nada. A garota escrevia todos os dias e conferia se havia chegado alguma resposta, sem saber o que realmente estava acontecendo.
Depois de três semanas de espera, Valentina, magoada com a suposta falta de consideração de Guilherme, se convenceu de que ele não a amava mais e não se importava com o filho que ela estava esperando e decidiu esquecê-lo. Enquanto isso, Guilherme também se cansou de esperar uma resposta da namorada. Ambos resolveram então escrever um último e-mail de adeus, um para o outro.
Mal sabiam eles que quem recebeu os e-mails foi Joana, que adorou o que leu. Seu plano tinha funcionado perfeitamente, agora restava esperar Guilherme voltar, livre para ficar com ela.
O tempo passou e o bebê Valentina nasceu, era uma linda menina, à qual ela deu o nome de Amanda. Ela conseguiu se formar no colégio, com um ano de atraso, devido à gravidez, e depois começou a trabalhar meio período na gravadora de seu tio, que era produtor musical, pois era apaixonada pelo mundo da música, mas com a filha ainda pequena, não conseguiria fazer faculdade.
Lá ela conheceu Victor, um dos assistentes, que sempre a ajudava quando tinha alguma dificuldade, e acabou se tornando um grande amigo. Bárbara também estava sempre ao seu lado, era sua melhor amiga, mas Joana foi ficando cada vez mais distante, até que elas perderam o contato. Babi achou estranho e decidiu conversar sobre isso com Valentina:
- Val, você não achou estranho a Joana ter se afastado da gente de repente? - perguntou
- Um pouco, por que?
- Não sei, achei isso um pouco suspeito... Para falar a verdade, não acho que ela tenha superado o rompimento com o Guilherme.
- Desencana Babi, isso já tem muito tempo, ela deve ter os motivos dela. E por favor, não diz mais o nome desse cretino.
- Desculpa Val. Mas você não vai mesmo procurar ele nunca mais? Nem pra falar da Amanda?
- Ele renegou a própria filha Babi, nem quis saber dela. Isso não tem perdão. Vai ser como se ele nunca tivesse existido, a Amanda é minha filha e só, produção independente.
Guilherme também não queria mais saber de Valentina, pois acreditava que ela não o amava mais e até imaginava que ela poderia estar com outro, por isso não escreveu. E assim, os dois seguiram cada um o seu caminho, sem sequer imaginar que foram vítimas de uma armação.

FIM DA PRIMEIRA FASE

CONTINUA...

domingo, 6 de setembro de 2015

Capítulo 15 - A falsiane ataca

Joana precisava agir rápido, pois tinha pouco tempo até Guilherme embarcar no avião, mas também tinha que ser discreta, para não ser descoberta.
- Val, meu tio trabalha aqui no aeroporto, como segurança, acho que consigo entrar na sala de embarque se falar com ele - disse ela, fingindo ser prestativa
- Sério, Jô? Nossa que ótimo, vamos lá então! - animou-se Valentina
- É mais fácil ele permitir que eu entre, se eu estiver sozinha. Deixa que eu entrego o bilhete com seu e-mail para o Gui, e trago o dele para você.
- Ah... então tá. Vai rápido, eu e a Babi vamos te esperar aqui.
- Combinado, pode deixar amiga, vai dar tudo certo.
Joana saiu correndo para conseguir falar com Guilherme, mas antes, fez uma parada no banheiro sem que as meninas vissem, pegou na bolsa um bloquinho e caneta, e transcreveu o e-mail de Valentina, fazendo uma pequena modificação no endereço. Em seguida, foi até a sala de embarque, onde encontrou seu tio, que a deixou entrar.
- Gui, ainda bem que você não embarcou ainda! Aqui, a Val esqueceu de te dar isso. - falou, assim que encontrou o rapaz, entregando a ele o e-mail de Valentina, modificado por ela.
- Joana? Como você entrou aqui? - espantou-se ele
- Meu tio é segurança aqui, mas só me deu cinco minutos. Agora me passa o seu e-mail da academia, pra eu levar pra ela.
- Ah, claro. Toma o papel. E muito obrigado, você salvou a gente hoje.
- Tudo para ajudar meus amigos - falou Joana, sendo falsa mais uma vez - Bem, preciso ir agora, e você também né? Boa viagem Gui, até a volta.
- Até a volta Jô, valeu mesmo - disse ele, inocente
Ao sair da sala de embarque, Joana copiou também o e-mail de Guilherme, modificando-o, como fez anteriormente, e foi essa versão que entregou a Valentina. Seu plano era chegar em casa e criar contas de e-mail com os endereços que inventou e entregou ao casal, assim tudo o que eles escrevessem seria enviado para ela. Dessa forma, um não receberia os e-mails do outro, e ambos pensariam que foram ignorados e esquecidos. E por fim, quando Guilherme voltasse, em quatro anos, estaria magoado com Valentina e livre para ficar com ela. Era o plano perfeito.

* Dias depois *

Passaram-se duas semanas desde a partida de Guilherme. Valentina vinha escrevendo para ele praticamente todos os dias, mas não recebera nenhuma resposta. Ela estava começando a ficar preocupada, então decidiu chamar Bárbara e Joana para conversar e saber a opinião das duas.
- Val, eu concordo que é estranho ele não ter escrito ou respondido seus e-mails, mas deve ter uma explicação para isso. Ele viajou há apenas 15 dias, deve estar sem tempo, estudando muito... - falou Babi, tentando acalmar a amiga
- Ou então ele esqueceu mesmo, deve ter conhecido gente nova por lá, sabe como é né? - disse Joana, como se não soubesse o que realmente estava acontecendo
- Para Jô, quer deixar ela mais nervosa? Não é nada disso amiga, o Gui é louco por você. Logo mais ele dá sinal de vida. Fica calma tá?
Dizendo isso, Bárbara olhou para Valentina e viu que ela estava pálida e muda. De repente ela cambaleou para frente e teria caído no chão se a amiga não a segurasse.
- Val, você está doente e não contou pra gente? O que foi isso?
- Eu tô bem, Babi, foi só uma fraqueza, um pouco de enjoo, mas já passou. Não precisa se preocupar, deve ter sido alguma coisa que eu comi. - disse a garota, após se recuperar
- Acho melhor te levar ao médico. Você quase desmaiou! Vem com a gente, Jô?
- Não posso, tenho um compromisso agora. Melhoras, Val. - Joana estava se mantendo próxima apenas para saber se seu plano estava funcionando, mas quanto menos tempo passasse com aquelas duas, melhor.
Por sorte, o médico da família tinha um horário livre, então Valentina seguiu para o consultório na companhia de Bárbara.
- E então, o que eu tenho? - quis saber ela, após ser examinada
- É alguma coisa grave? - perguntou Babi, preocupada com a amiga
- Não é nada sério, mas você vai precisar ter alguns cuidados daqui para frente. - respondeu o doutor
- Como assim? Por favor, diz logo o que é. - Valentina estava ficando aflita
- Você está grávida.

CONTINUA...

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Capítulo 14 - Despedida

Uma semana havia se passado desde o Reveillon e era chegado o dia da partida de Guilherme para Nova York. Valentina estava muito feliz pelo namorado, mas ao mesmo tempo, sentia-se angustiada, não conseguia deixar de pensar em como seria difícil manter um relacionamento à distância.
- Val, tá tudo bem aí? - era Bárbara na porta do quarto
- Você pode esperar eu terminar de trocar de roupa? - respondeu
- Desculpa, é que eu achei que você quisesse se despedir do seu namorado antes dele viajar.
- Ainda temos tempo, Babi. Já estou quase pronta.
Ela havia combinado com as meninas de se encontrarem em sua casa antes de irem para o aeroporto e Bárbara chegou um pouco antes do previsto. Joana apareceu no horário marcado e as três seguiram para o carro, onde a mãe de Valentina estava esperando.
Chegaram em menos de 10 minutos, mas pareceu uma eternidade. Ainda faltava uma hora para Guilherme embarcar e ele estava aguardando na lanchonete onde combinaram. Quando as avistou, se aproximando, ele sorriu e Valentina pensou em como sentiria falta daquele sorriso que a fazia se derreter inteira por dentro. Os quatro sentaram-se, fizeram um lanche e conversaram bastante.
De repente Guilherme olhou para o relógio e disse:
- Bom meninas, o papo tá muito bom, mas infelizmente tá na hora de eu ir para a sala de embarque. Faltam 20 minutos para o voo decolar. Vou sentir falta de vocês. Principalmente de você, Val.
- A gente vai sentir saudades também. - falou Bárbara - Faz relativamente pouco tempo que a gente se conheceu, e o começo foi difícil. Mas os problemas já ficaram para trás, você é nosso amigo agora. Né Jô?
- Claro. Agora cho melhor a gente deixar os pombinhos a sós para se despedirem. Boa viagem Gui, e boa sorte em Nova York - disse Joana, puxando a amiga pelo braço. O que ninguém sabia era que ela estava se fingindo de amiga para ficar próxima do casal. A garota ainda não se conformava em ter perdido Guilherme e estava esperando uma oportunidade para separá-lo de Valentina.
- Enfim, sós - disse ele, quando as meninas saíram
- Pena que por tão pouco tempo... - lamentou Valentina
- Val, eu não tô indo embora pra sempre, já falamos sobre isso. Eu te amo, aqui ou lá, e nada nem ninguém vai mudar isso, tá bom?
- Eu sei, Gui. Te amo também. Mas o que eu vou fazer aqui até você voltar?
- Pensar em mim... - respondeu ele, logo antes de dar um beijão de despedida daqueles na namorada
- Agora é que eu não quero deixar você ir - brincou Valentina, toda boba
- Tá na minha hora, amor. Mas isso não é um adeus, é um até logo tá?
- Até logo então. Aproveita a oportunidade, você merece Gui.
Então os dois se abraçaram e se beijaram pela última vez. Valentina foi ao encontro das meninas enquanto Guilherme se dirigiu à sala de embarque.
- E aí Val, você tá bem? - perguntou Bárbara assim que a amiga chegou
- Tô legal, Babi. A gente combinou de manter contato e... Ah não! Esqueci de passar pro Gui o e-mail que eu criei pra gente se falar e também não peguei o dele, da academia! E agora? Eu não posso entrar na sala de embarque pra falar com ele...
Nesse momento, Joana teve uma ideia. Ela tinha um tio que trabalhava no aeroporto, portanto conseguiria entrar na sala de embarque. Aquela era sua chance de acabar de vez com o namoro de Valentina e Guilherme.

CONTINUA...