sábado, 26 de setembro de 2015

Capítulo 17 - O Presente

Passaram-se 12 anos desde a confusão, e Valentina não teve mais notícias de Guilherme. Ela havia se tornado a bem sucedida vice-presidente da gravadora de seu tio, juntamente com Victor, e morava em uma casa grande, com muitos quartos e empregados. 
Era uma manhã de quinta-feira, véspera do aniversário de Amanda, e Valentina foi até o quarto da filha, acordá-la para a escola, e aproveitou para perguntar o que ela gostaria de ganhar de presente.
- Meu pai  - disse ela
Amanda havia se tornado uma garota alegre, cheia de vida e também muito esperta e curiosa. A mãe se surpreendeu com a resposta inusitada:
- Como é Amanda, seu pai? - perguntou, confusa
- Mãe, eu já vou fazer doze anos e não sei nada sobre ele. Me diz o nome dele, como ele é, me mostra uma foto... Por favor!
- Filha, esquece isso vai. Pensa em um presente que eu realmente possa te dar e na hora do almoço você me conta, combinado? Agora levanta, se não você vai chegar atrasada na escola, mocinha.
As duas se arrumaram, Valentina deixou Amanda na escola, e foi trabalhar. Não conseguia parar de pensar na curiosidade da menina sobre o pai, ela sabia que a filha não desistiria fácil de descobrir algo sobre ele. Então, no meio da manhã, foi se encontrar com Bárbara para tomar um café e pedir conselhos:
- Então ela perguntou sobre o pai... Bem, você sabia que algum dia isso iria acontecer não é? Não pode esconder isso dela para sempre. - disse Bárbara, depois de ouvir a amiga
- Babi, o Guilherme não quis saber da filha quando eu estava grávida e durante todos esses anos, nunca procurou saber notícias dela. 
- Mas a Amanda tem o direito de saber quem é o pai, Val. E ela vai continuar insistindo, você sabe.
- Eu sei, eu sei... O que eu faço? Não quero que ela o conheça e mesmo que quisesse, depois desse tempo todo, nem imagino onde ele esteja.
- Então amiga, dá uma foto do Guilherme pra ela e diz o nome e alguma informação, mas sem relevar muita coisa, pronto. Qual a chance de uma menina da idade dela conseguir encontrar o pai, que pode estar morando em qualquer lugar do país, ou até fora dele?
- Tem razão... É isso mesmo que eu fazer, muito obrigada amiga, você sempre me dá ótimos conselhos.
- Eu conheço você há muito tempo, Val! E melhores amigas são para isso né?
As duas se abraçaram e despediram, pois Valentina precisava voltar para o trabalho. Logo que ela chegou em sua sala, Victor apareceu, dizendo que precisava falar com ela.
- O que foi, Victor? Problema com algum cliente da gravadora?
- Não, com a gravadora está tudo bem. Quero conversar com você sobre um assunto pessoal, mas não aqui, quer almoçar comigo?
- Se fosse qualquer outro dia, eu aceitaria, mas hoje eu não posso... Amanhã é aniversário da Amanda, como você sabe, e eu vou almoçar com ela, para ela me dizer o que quer ganhar de presente. Você entende, não é?
- Claro que sim, conheço você há tantos anos. Outra hora a gente conversa então, deixa eu voltar para a minha sala, afinal precisamos trabalhar.
- Tem razão. Mas aparece lá em casa hoje à noite, assim a gente faz um lanche e conversa, pode ser?
- Combinado, até mais tarde então.
Valentina continuou trabalhando e nem viu o tempo passar, quando olhou para o relógio, já estava na hora do almoço. Então ela foi em casa, pegou uma foto de Guilherme que tinha guardada e foi pegar Amanda na escola. Enquanto almoçavam, entregou a foto à menina.
- Filha, eu pensei no que você me pediu e resolvi te dar isso. É uma foto do seu pai, o nome dele é Guilherme Soares. Só posso te dizer isso e que ele era meu vizinho quando namoramos. Não o vejo há muitos anos e não sei mais nada sobre ele.
- Obrigada mãe, esse foi o melhor presente que você podia me dar! - disse Amanda, com um grande sorriso
Então as duas se abraçaram, terminaram o almoço e Valentina levou a filha em casa, antes de voltar ao trabalho. Amanda foi para o quarto e ficou olhando para aquela foto, se perguntando onde estaria seu pai, pois tinha muita vontade de conhecê-lo e saber porque ele e sua mãe haviam se separado. Percebeu que ao fundo na foto, havia um prédio e o número estava legível. Seria o prédio onde ele morava? Sua mãe havia dito que eles foram vizinhos, e ela se lembrava de ter morado em um apartamento com ela e os avós, mas como tinha apenas dois anos quando se mudaram, não lembrava o endereço. "Se eu encontrar nosso endereço antigo, encontro o do meu pai. Quem sabe ele ainda mora lá..." pensou ela. 
Amanda foi até o quarto de sua mãe e, depois de muito procurar, encontrou em suas coisas uma conta de telefone com o endereço antigo, etão pediu que o motorista a levasse até lá. Quando chegou ao local, confirmou que o edifício que aparecia na foto era o que ficava ao lado do prédio onde morou, e foi falar com o porteiro, um senhor idoso.
- Senhor, você pode me dar uma informação, por favor? - perguntou ela - o Guilherme Soares ainda mora aqui?
- Mora sim, conheço ele há muito tempo...
- Ele está em casa? Será que eu posso subir? Preciso muito falar com ele.
- O que você é do Guilherme, garotinha?
- Eu sou a filha dele, me deixa entrar, por favor?
- Filha? Nesse caso pode subir, ele chegou há alguns minutos.
- Obrigada.
Amanda subiu e chegou à porta do apartamento. Estava muito nervosa, mas tocou a campainha, não demorou muito e Guilherme atendeu.
- Oi, quem é você? - disse ele, surpreso ao ver a menina em sua porta
- Amanda, sua filha - falou ela
- Como? Acho que você está me confundindo com outra pessoa.
- É você nessa foto, não é? 
- Sou eu sim, como você conseguiu isso?
- A minha mãe me deu. O nome dela é Valentina.
- Meu Deus! Você é filha da Valentina?
- Sou. E sua filha também. Se não acredita, vem comigo até minha casa, aí você conversa com ela.
Guilherme estava perplexo, se aquela garotinha era mesmo sua filha, por que Valentina não disse nada? Por que escondeu dele esse tempo todo? Querendo saber a resposta para essas perguntas, ele aceitou ir com Amanda.
Enquanto isso, Valentina estava chegando em casa, na companhia de Victor. Se preocupou ao não encontrar Amanda em casa, mas a empregada avisou que a menina havia saído com o motorista e ele ligou avisando que já estavam voltando. Os dois sentaram-se no sofá e começaram a conversar:
- E então, Victor, o que você queria falar comigo? - perguntou, curiosa
- Valentina, nós trabalhamos juntos há muito tempo e eu acho você uma mulher incrível, cria sua filha sozinha e é uma ótima vice-presidente... Eu gosto muito de ser seu amigo, a gente se dá muito bem mas...
- Mas o que? Você está me deixando nervosa!
- Eu estou tentando dizer que quero ser mais que um amigo. Eu estou apaixonado por você, Val.
- Victor, eu não sei o que dizer. Você é meu melhor amigo, eu te adoro, mas...
Nesse momento, Amanda chegou e interrompeu a conversa dos dois:
- Oi mãe, oi Victor. Eu trouxe um amigo, ele pode entrar?
- Claro filha, é amigo da escola?
- Na verdade, não... - disse ela, com um sorriso suspeito
Nesse momento a porta se abriu e Valentina não pode acreditar. Ela sentiu um misto de choque, raiva e nervoso. O amigo de Amanda não era um menino, era um homem, e não qualquer um. Era ninguém menos que...
- Guilherme?!?

CONTINUA...

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