quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Capítulo 18 - Reencontro

Valentina ficou paralisada por alguns instantes. Guilherme era última pessoa que ela esperava ver entrando por aquela porta.
- Amanda, vai para o quarto. Depois nós duas vamos ter uma conversinha. - disse ela, sem conseguir tirar os olhos do ex-namorado. Ele continuava muito bonito.
- Mas mãe...
- Agora, Amanda!
A menina subiu as escadas chateada. Valentina não sabia o que fazer, queria dar uns tapas em Guilherme e expulsá-lo de sua casa naquele momento, mas ao mesmo tempo tinha muitas perguntas a fazer para ele.
- Como você achou a minha filha e o que veio fazer aqui? - perguntou ela, sendo rude
- A gente se reencontra depois de todo esse tempo, e é assim que você fala comigo?
- Você não respondeu a minha pergunta.
- Na verdade foi a sua filha que me encontrou. E eu vim até aqui porque ela apareceu no meu apartamento dizendo que eu sou o pai dela. Isso é verdade?
- Não sei de onde ela tirou isso, essa menina tem uma imaginação muito fértil... Claro que não é verdade - mentiu ela
- Diz a verdade, Valentina. A menina me procurou, com uma foto minha e disse que foi você quem deu para ela.
- Tudo bem, ela é sua filha, satisfeito? Mas por que você só começou a se importar com isso agora? Depois desse tempo todo?
- Porque eu não sabia, Valentina! Você escondeu nossa filha de mim!
- O que? Logo que eu descobri que estava grávida te mandei um e-mail contando e você ignorou! Desprezou sua filha e também a mim!
- Eu nunca recebi e-mail nenhum! Para de mentir, você está querendo se fazer de vítima!
- Se tem alguém mentindo aqui é você, pai desnaturado! Me abandonou grávida e doze anos depois aparece aqui querendo tirar satisfações. Quer saber, cansei disso, some daqui Guilherme!
- Eu vou, porque não quero continuar com essa briga que não leva a lugar nenhum. Mas saiba que você não vai se livrar de mim, eu tenho direito de conviver com a minha filha!
Dizendo isso Guilherme saiu, pisando duro, e bateu a porta. Valentina sentou-se no sofá, muito abalada, e olhou para Victor, que havia presenciado toda aquela discussão.
- Victor, desculpa, eu não queria que você tivesse visto isso. Ver o Guilherme de novo, depois de tantos anos, me deixou fora de mim.
- Tudo bem, Val. Estou vendo que você precisa ficar sozinha, outra hora a gente conversa sobre aquilo que eu te falei.
- Obrigada pela compreensão. Por isso você é um dos meus melhores amigos - disse ela, abraçando Victor.
Então ele foi embora e Valentina ficou ali na sala, por alguns minutos, absorvendo tudo o que tinha acontecido. Guilherme havia reaparecido em sua vida e agora, depois de doze anos, resolveu que queria conhecer a filha. Por mais que ele não tivesse tido consideração com ela durante todo esse tempo, agora que a menina o conhecera, ela não poderia mantê-los afastados. Ela resolveu então, que deixaria que a filha se aproximasse de Guilherme. Não por ele, mas por Amanda, que tinha o direito de conviver com o pai.
Depois de pensar, ela resolveu ligar para Bárbara, pois precisava desabafar. A amiga aconselhou que ela procurasse Guilherme para combinar como seriam os encontros dele com a filha e também sugeriu que ela o convidasse para a festa de aniversário da filha. Valentina acabou concordando, mas antes de ir falar com ele, precisava ter uma conversa com Amanda, então foi até seu quarto.
- Então Amanda, a senhorita vai ter que me explicar direitinho como encontrou seu pai.
- Foi fácil, ele ainda mora no prédio vizinho ao que a gente morava quando eu era pequena. Eu achei uma conta com nosso endereço antigo na sua gaveta, resolvi tentar a sorte e achei ele.
- Meu Deus, mas você é impossível filha. De agora em diante vou proibir o motorista de te levar a qualquer lugar sem que eu esteja junto.
- Achei que você ia gostar de ver meu pai de novo. Por que vocês se separaram?
- Você ainda é muito nova para entender isso. Vai fazer sua lição de casa e depois, cama, viu mocinha? Amanhã é seu aniversário, mas você tem aula.
No dia seguinte, Valentina deixou Amanda na escola e foi até o prédio de Guilherme. Mesmo contrariada, precisava conversar com ele, que, por sorte, estava em casa.
- Valentina, que surpresa. O que você está fazendo aqui?
- Eu vim conversar sobre a nossa filha. Agora que a Amanda te conhece eu seria uma megera se mantivesse ela afastada de você. 
- Está querendo dizer que vai deixar que eu conviva com ela? - disse ele, sorrindo
- Isso mesmo, mas de acordo com as minhas regras - falou, tentando disfarçar que aquele sorriso ainda mexia com ela
Guilherme ficou tão feliz com a notícia que, no calor do momento, agiu por impulso e beijou Valentina. Por um instante ela se sentiu como há doze anos, quando eles eram adolescentes apaixonados um pelo outro, e correspondeu ao beijo, colocando as mãos na nuca dele. Nesse momento, o interfone tocou e Valentina voltou a si.
- Você ficou maluco? Me larga! - falou, empurrando Guilherme
- Desculpa, não sei o que deu em mim - disse ele, constrangido - Deixa eu atender o interfone, deve ser minha namorada.
Valentina sentiu um choque quando ouviu essa palavra. Então ele tinha uma namorada? Isso a deixou com ainda mais raiva de Guilherme, pois além de não ter procurado a filha por anos, arrumou outra, como se tudo que eles viveram juntos não tivesse significado nada. Ela sentiu ciúmes de Guilherme, apesar de não admitir nem para si mesma. Isso porque ela ainda nem sabia quem era a tal namorada...

CONTINUA...

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